Muitos artigos falam sobre a psicologia do mercado financeiro,  fator de extrema importância para quem faz operações de alto giro. Existem diferentes formas de se entender o ser humano, seja através da economia, seja da psicologia.

O homem é racional e maximizador de valor, ou simplesmente subjetivo, como se depreende de artigo de Tatiana Renaux Tomazelli et alii (1) que fala sobre psicologia do mercado acionário.

A leitura diária das aberturas dos mercados é um fator importante.  Para se definir uma posição (ou estratégia) é necessário saber como foi o fechamento nos mercados da Ásia, como foi abertura dos mercados Europeus, como estão os índices futuros dos Estados Unidos para assim termos uma noção de como será a abertura aqui no Brasil.

O Índice Bovespa Futuro começa uma hora antes do pregão regular justamente para esse propósito. Neste momento, investidores e especuladores começam a montar suas posições: o “vendido” achando que vai cair, e o “comprado” achando que vai subir.

Muitos operam através de gráficos (analise técnica) com suas médias móveis malucas, IFR (índice de força relativa), volume, bandas de “bollinger”, estocástico entre milhares de indicadores tentando adivinhar o rumo do mercado.

Este ferramental, em conjunto com outras estratégias, é capaz de minimizar erros. Na maioria das vezes, a figura gráfica antecipa notícias e movimentos futuros no ativo.

Digamos que uma ação venha caindo aos poucos: 1% no dia 4, 1,5% dia 5 e que no dia 6 venha um fato relevante ruim para a empresa e que já no leilão de abertura inicie os negócios com 10% de queda. Quem opera somente por gráfico, sem prestar atenção no noticiário corporativo, se defendeu vendendo, já que havia uma quebra de suporte justificando uma possível queda.

Outro exemplo: uma ação que tenha seus negócios com poucas oscilações, mas com volume crescente.  Após 10 dias, tal empresa solta um comunicado informando que tem intenção de fechar seu capital e que pagará um prêmio de 20% sobre o preço do último fechamento. Nesta figura gráfica se vê uma acumulação que justificou sua alta repentina. Estes movimentos acontecem constantemente na bolsa e cada um os interpreta de maneira diversa, sendo mais otimista ou pessimista.

Para operar, considero importante o uso de gráficos, a leitura diária de notícias referentes à economia e mercados e a troca de idéias com colegas da área. Graficamente, utilizo médias móveis, onde o indicador mostra uma média dos preços de um determinado ativo em um determinado período e aplica esta informação neste gráfico de 5, 13 e 21 dias.

A média de 5 dias, ao cruzar a média de 21 dias pra cima, enseja, a princípio, uma operação de compra e quando ocorre o contrário, a figura de queda aparece. Quando uma ação sobe 20% em poucos pregões, essas médias ficam muito distantes uma da outra, deixando alertas para abrir uma posição na compra ou na venda, pois certamente as duas pontas irão convergir.

Exemplificando tal movimento está uma ação cujo preço é R$20,00 e a média de curto prazo (5 dias) está em R$18,00. Neste caso, a venda seria indicada.

É de extrema importância compreender a psicologia atrelada às oscilações bruscas e fortes no mercado como se vê a seguir.

Se uma notícia positiva de uma empresa é veiculada na mídia, os negócios abrem com alta de 5%, e este movimento se dá pelo menos até as 15h (a Bovespa fecha às 17h), muitos operadores pensam “Bem, o mercado não está assim tão forte para que se mantenha em alta até o fechamento! Vou vender!” e vendem, esperando que o mercado corrija, permitindo a recompra das ações a um preço abaixo da venda, gerando lucro.

Imaginando que muitos pensem desta forma e vendam a descoberto e que ainda assim a ação se mantenha com mais de 5% de alta, é bem possível, ao contrário do que se pode pensar, que até o final do pregão ela suba ainda mais.

Por quê? Pois muitas posições foram vendidas a descoberto, devendo ser zeradas até o fechamento, o que faz com que entre uma nova leva de compradores pressionando ainda mais os preços pra cima.

O mesmo acontece quando uma notícia ocasiona a queda das ações, com os preços caindo desde a abertura, os “daytraders” de plantão se posicionando na compra e grandes fundos se desfazendo, portanto, das ações e pressionando para baixo os preços: lá pelas 16h os que compraram terão de zerar, aumentando ainda mais o peso das ações.

Isto não é uma regra, mas é o que tenho percebido no mercado ultimamente. A atenção aos movimentos dos ativos é fundamental para quem quer se aventurar em uma especulação de curtíssimo prazo.

Boa sorte e lembre-se: quando você está desistindo, a outra ponta também está!

 

 

(1) http://www.scielo.br/pdf/epsic/v12n3/a10v12n3.pdf