A copa do mundo chegando, ou como o governo quer propagandear, a copa das copas e apesar da falta generalizada de ânimo, alguns ainda se arriscam a usar o tema.

Assim, aproveitamos a deixa do nosso amigo Darlan Alvarenga do portal G1 e a divulgação do PIB brasileiro para fazer algumas pequenas comparações entre os países que se enfrentam no match. As comparações têm um propósito de puro entretenimento, sem valor comparativo em termos econômicos (talvez estatísticos).

Apostas

Em termos de apostas, o Brasil vai bem nas bolsas, onde a expectativa é de que o país chegue na final contra a Argentina, com 60% de chance de levar a taça, segundo estudo do banco Goldman Sachs. Ok, eles repetem a aposta de 2010, mesmo assim, estar em casa ajuda no favoritismo.

O Brasil é o grande campeão das copas, com suas 5 vitórias (penta não, por não serem consecutivas) e como mostra a tabela abaixo, passou o século XX como campeão indiscutível e somente será igualado se a Itália vencer neste ano.

Número de Títulos

Somos também campeões de público. O maior foi durante a final da copa de 50, onde sofremos a derrota para o Uruguai e somos também responsáveis por 3 dos 6 maiores públicos de finais, sendo campeões em 2 oportunidades.

Público

 

Na Economia

Como o futebol não é indicador de desempenho econômico, observando os dados, as diferenças surgem de maneira mais pronunciada. Ao compararmos o PIB nominal em dólares das maiores economias vencedoras de copas, o cenário muda bastante e passamos da primeira (em futebol) para a quarta colocação (na economia).

 Pib Nominal Campeões

Com a alta de 0,2% no PIB* brasileiro e ao compararmos aos países que já divulgaram o resultado nacional do primeiro trimestre, conseguimos a seguinte comparação:

Pib Trimestral

O Japão se torna o líder indiscutível e ocupamos a distante 10ª colocação, porém acima dos vencedores França e Itália e do ex-anfitrião EUA.

A atividade econômica ainda não se aproveitou do potencial de um evento desta magnitude e muitos acreditam que os feriados forçados em dias de jogos neutralizarão os ditos efeitos positivos dos gastos de turistas e brasileiros.

Até o momento, somos a 6ª economia do globo**, atrás somente de potências industriais e desenvolvidas, porém isso não significa que aproveitamos das benesses desta privilegiada colocação. Em termos futebolísticos, entre os seis países à nossa frente, os dois primeiros não têm sequer um título.

Nesta nossa brincadeira, vemos que liderança em futebol nada significaria em termos econômicos e comprovadamente, foram poucos eventos mundiais que deixaram um legado de infraestrutura e atividade positivos (os defensores adoram citar as olimpíadas de 92 em Barcelona e esquecem que o mesmo evento “quebrou” a Grécia).

Pib Globo

 Diz-se que entre estádios e infraestrutura, o Brasil deve gastar em torno de R$ 30 bilhões, o que em termos dos sempre absurdos números brasileiros, até parece pouco. Parte destes recursos é financiamento, ou seja, o governo teria a tendência de recebe-los de volta em alguns anos e parte seria a “fundo perdido” traduzindo: investimento estatal.

O que se discute muito e alimenta os protestos contra a copa não é o montante gasto ou mesmo, o resultado disso e sim as inúmeras promessas não cumpridas, principalmente de infraestrutura e a absurda redução da participação privada no evento, sendo esta uma das mais caras e com maior share estatal de todas.

Continuando com as comparações entre os participantes, somos perdedores em mais um quesito. Na comparação anual entre as maiores bolsas do mundo***, somos o último colocado em termos percentuais.

 

Bolsas

Parte disso continua a ser culpa da atividade econômica contraída e neste momento, o elemento eleitoral deve pesar cada vez mais no mercado acionário, seja para o bem ou para o mal.

 

Ranking de Juros Reais da Copa

 

Na renda fixa, conforme divulgamos recentemente no Ranking Mundial de Juros Reais e como na copa, o Brasil é o campeão indiscutível em termos reais, porém perdemos para a vizinha Argentina em termos nominais. Por último, o Brasil não tem a divisa mais valorizada entre os maiores países da copa, mas tem ganho do dólar desde o começo deste ano***.

 

Câmbio

 
CONCLUSÂO

A qual conclusão chegamos com todas essas estatísticas? Exatamente nenhuma, é uma brincadeira com os números e nos relembra que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer em termos econômicos, principalmento na questão de produtividade, muitas vezes atrapalhada pelos eternos problemas de burocracia, tributos, indexação da economia, gastos governamentais mal direcionados, infraestrutura e juros altos.

Esta copa seria muito melhor aproveitada (como foi a olimpíada de Londres) se uma parcela dos problemas cansadamente frequentes em nosso país tivessem ao menos sido discutidos com maior profundidade, porém, como vemos na própria (des)organização do evento, reforça-se a máxima que no Brasil, tudo é deixado para última hora.
 

 

 

 

* os dados referentes ao PIB do primeiro trimestre de 2014 conta somente com os países participantes da copa do mundo que já divulgaram o dado

** o PIB nominal em dólares se refere na maioria dos países aos dados fechados de 2013

*** os dados de câmbio e bolsas de valores se referem ao fechamento do dia 28/05/2014