Agora, após toda onda de realismo, o otimismo atinge o mercado financeiro. Mais embasado do que antes, o otimismo atual tem como suporte a série de indicadores econômicos e corporativos que teimam em se repetir positivamente nos EUA, apesar do estado moribundo da economia mundial.

Os otimistas também buscam na recuperação da economia chinesa outro ativo para sustentar seu maior apetite pelo prêmio do risco, mesmo que as bolsas de valores não demonstrem de maneira tão espetacular este retorno aos maiores ganhos.

Dentre os que apostam na melhora, a perspectiva é de que o crescimento dos EUA e da China puxarão automaticamente o Japão, Reino Unido e a Alemanha e que este conjunto será responsável por incrementar os ganhos dos emergentes.

Sem querer melar as expectativas dos otimistas, mas é um conjunto bastante complexo de eventos para ocorrer em sequência e num só ano.

Daí passa de perspectiva ou projeção para torcida. Confesso que sou mais tendente a acreditar que estamos num ritmo de recuperação, mesmo que lento, do que estamos próximos a uma nova crise.

O problema é como os agentes tem determinado tal posição positiva. Muitos colocam na “conta” de seus investimentos algo que pode ocorrer, mas não na proporção e principalmente, velocidade que todos imaginam.

A tal da globalização que se falava tanto nos anos 90 é uma séria e às vezes cruel realidade. Por isso, precisamos mais do que o crescimento de cinco grandes economias para melhorarmos o cenário.

Precisa-se de um conjunto de fatores que atinja aqueles que no momento estão seriamente envolvidos em desaquecimento econômico, desemprego e revisão de gastos fiscais.

O que deve ocorrer este ano é uma série Sino-Americana de indicadores mais positivos no primeiro semestre, o que consequentemente se transporá aos países citados acima e aos emergentes.

Isso dará uma concreta sensação de recuperação econômica e até um crescimento considerável de PIB em alguns países, mas continuará extremamente frágil.

O sistema bancário de algumas nações européias se encontra tão frágil que não tem condições de bancar qualquer sinal de recuperação econômica. E pior, a quebra de diversas instituições e de alguns sistemas bancários completos é eminente.

Mário Draghi tem se esforçado e muito para manter as linhas de liquidez que evitam o colapso, porém casos como da Espanha e Grécia continuam extremamente difíceis de se lidar e se mantém como uma ameaça à frágil recuperação.

Ao lembrarmos 2010, a sensação era boa até os eventos da Europa, nos quais as soluções paliativas jogaram para “debaixo do tapete” o problema, todos para retornarem no horrível ano de 2011.

A questão hoje em dia é exatamente tentar evitar uma repetição da dobradinha 2010/2011, pois o mundo hoje não conseguiria se recuperar de um período semelhante.