E não é que não foi tão mau. A temporada de balanços nos EUA, deflagrada pelos resultados da Alcoa teve um bom começo, onde a empresa se manteve dentro das projeções e melhorou as perspectivas para este ano, principalmente em vista à uma possível melhora na atividade econômica.

Agora as atenções se voltam ao discurso hoje de Mario Draghi, onde uma parcela significativa dos economistas prevê um novo corte de juros. Prever não exatamente, crer seria a palavra mais correta.

Parte dos analistas crê na necessidade de mais um corte de juros para estimular a economia da Zona do Euro, porém isso não necessariamente se traduzirá num movimento, principalmente se considerarmos a atual situação do bloco, somente juros zero seriam impactantes o suficiente, algo que pode não ocorrer.

Com o FED citando claramente a possibilidade de fim dos programas de estímulo econômico, existe a crença de que 2013 possa ser um ano melhor do que o passado e a Europa passaria melhor com menos juros.
Porém existem necessidades mais urgentes na região e uma parcela significativa delas é de estímulo econômico. Desde que as manobras do BCE evitaram que o bloco literalmente rachasse, a série de dados econômicos tem sido tudo, menos estimulante.

Desemprego desesperadoramente em alta, produção industrial sofrível e varejo sem perspectivas. Ainda mais, um colapso do crédito e uma quebra eminente no crescimento de M3 reduz o cenário de ação do BCE, porém um corte de juros a zero se traduziria como juros reais negativos, onde as instituições seriam obrigadas a depositar e não receber juros, o que pode se traduzir como uma fuga em massa destes recursos da região.

Mesmo agora, a onda de dinheiro barato pouco tem feito para estimular a economia e parte disso reside na resistência do sistema bancário em emprestar, mesmo com tanta oferta de crédito.

As instituições financeiras se justificam com a crise, a qual elevou as exigências para se emprestar, mas nisso caímos no maldito dilema de tostines: não se empresta devido à crise econômica e a crise se agrava pela falta de crédito.
Por aqui nunca foi diferente. Mesmo com a queda da Selic, os juros continuam excessivamente altos, pois a inadimplência mantém o spread elevado e os juros elevados são fatores decisivos para a inadimplência.

De volta à Europa, o cenário não poderia se menos estimulante, pois a Alemanha, tão preocupada com a opinião pública (em resumo, com os eleitores) sempre tentou empurrar um modelo de austeridade ferrenho, porém seus mais recentes dados econômicos derrubou a premissa de força germânica.

Muitos agora advogam pelo modelo americano de crescimento, ou seja, gaste agora e deixe a conta para seus netos. O mundo está ótimo, todo mundo devendo para todo mundo e ninguém com dinheiro para pagar.
E justiça seja feita, 2012 foi melhor que 2011, porém este foi um dos “piores anos dos últimos anos”. Como será 2013?