Tendo no meu passado o anarquismo como base, onde me sentia compelido a combater o “capitalismo”, cheguei para mim à seguinte pergunta e resposta: o capitalismo existe? Respondo que NÃO.

Suas bases como um sistema de troca sequer podem ser mensuradas como um ente único. Deu-se o nome de capitalismo, mas a sua definição muitas vezes varia conforme o observador, quase um gato de Schroedinger econômico. Já foi mercantilista, industrialista, buscou vertentes entre pensadores como Keynes e Hayek ou mesmo a tal “globalização”, mas tem com principal característica exatamente a falta de forma.

No Brasil, sequer temos um capitalismo completo. Possuímos uma economia fechada de intervenção estatal. Temos nos EUA o que se chama de capitalismo liberal, modelo neo seguido no Chile na América Latina e aparentemente deve ser seguido na Argentina.

Na Europa, o sistema é diverso, muitas vezes com um capitalismo com “welfare economics” em diferentes níveis, onde os impostos cobrados são altos, porém com retorno social também o é. A Inglaterra é liberal em termos econômicos, com alto social welfare.

Na China, temos inicialmente um modelo muito próximo do “capitalismo selvagem” industrialista, onde o passivo trabalhista e ambiental é gigante, passando por um modelo misto, onde o passivo ambiental é ainda grande, mas com a melhora na educação da população as demandas locais se sofisticam e os meios de produção passam pela fase de transformação asiática, como passaram incialmente Japão e em seguida, Coréia do Sul.

Primeiro a produção em massa barata, seguido do ganho global de mercado, para depois a melhoria de qualidade da produção e do valor agregado dos produtos, consequentemente melhorando a qualidade de vida dos que produzem (atual fase da China), terminando pela alta especialização em que estão Japão e Coréia do Sul. A China também deve chegar lá, num sistema político de partido único e voltado ao consumo interno, ou seja, sem a tal “democracia”.

O “capitalismo” não pode ser cunhado exatamente por ser um ente amorfo e que se adapta conforme características culturais, regionais, climáticas e políticas

O “capitalismo” não pode ser cunhado exatamente por ser um ente amorfo e que se adapta conforme características culturais, regionais, climáticas e políticas, é um vírus RNA ribossômico. O erro dos sistemas como o socialismo, ou mesmo o anarquismo o qual estudei e defendi por anos é exatamente tentar impor um sistema único à uma diversidade de pensamentos e comportamentos humanos muito grande. Simplesmente não dá certo e por pior que seja, o capitalismo é o sistema até hoje mais inclusivo da história.

Não estudou quem disser o contrário, pois nunca na história humana tantas pessoas tem acesso à cadeia de consumo como agora. E exatamente isso é um problema, pois a cada vez mais que o sistema conhecido como “capitalismo” avança, mais o ser humano consome o planeta.

Ao mesmo tempo, o tal “capitalismo” tende a se adaptar a esta nova realidade. Os meios de produção começam sozinhos a ser repensados, principalmente com inciativas de consumo de produtos mais localizados, quase “feitos a mão”, mas que contam com um sistema moderno de produção.  Este desconcentração não se firmou totalmente, porém pode se tornar um processo importante de desconcentração de renda, um problema inerente ao atual sistema.

Alimentos vem na vanguarda desta tendência, com a convergência de consumo de produtos locais, de maior qualidade e maior valor agregado (“orgânicos, por exemplo, apesar de odiar este termo). Obviamente existe a questão do custo de da não massificação e alcance desta produção, porém cresce a tendência de uma economia colaborativa, como em novos sistemas de financiamento como crowdfunding e sistemas comerciais como Uber. 

O futuro é da economia tecnológica, a qual com iniciativas como da fundação Bill & Melinda Gates, da Apple e de governos como o do tão ruim e malvado americano, a tendência da redução da pobreza através da inovação tecnológica e do uso pragmático do “inovismo” cresce a cada dia.

Esta mesma tecnologia tem sido utilizada para racionalizar o uso dos recursos, como propagado por Elon Musk da Tesla, entre outros. Se tudo der certo e o planeta sobreviver a este processo, passaremos num futuro para a economia científica, teoria que explicarei em breve.