PIBinho, PIB fraco, PIBéco. O crescimento fraco de uma economia é um evento totalmente passível de se ocorrer e não chega a ser um grande problema, dependendo do contexto em que isto ocorra.

Um cenário mundial adverso, crise aguda, problemas climáticos, inflação galopante; todos estes são motivos.

O problema é na verdade as autoridades taparem os olhos aos problemas escancarados da economia, vociferar contra aqueles que projetam aquilo que não as agradam – como se projeções fosse fortes o suficiente para reverter ações – e insistirem em políticas notadamente fadadas ao fracasso.

Eis o que ocorre no Brasil hoje em dia. Um crescimento medíocre não pode ter como bode expiatório a crise internacional, sendo que nossos pares simplesmente nos superaram em muito. Não só isso, segundo dados da revista The Economist, simplesmente tivemos o pior resultado entre os emergentes.

Crescemos menos que nações industrializadas e como preconizamos aqui anteriormente, a indústria e a agricultura seriam os grandes afetados.

Agora o governo tenta justificar o injustificável e pior, tentando se isentar da responsabilidade ao apontar como responsável uma crise que, incrivelmente, afetou somente a nós.

Pareço um moleque jogando vídeo game, de tanto que bato na mesma tecla: políticas meramente pontuais são ineficazes e só beneficiam grupos intensivos na presença de sindicatos. Não estou errado, o resultado do PIB foi claro quanto a isso.

A preocupação com o ônus político de uma reforma tributária permanece como o maior entrave para o início, e pior, para uma futura conclusão do processo. Diz-se que estados reclamarão a perda de receita, de que o governo está desenhado para arrecadas do jeito que está e que mudanças seriam ineficientes.

Entre outras desculpas, dizem que o governo federal teme também a perda de arrecadação. Quando falamos de reforma tributária, devemos pensar não só na alteração do valor dos impostos arrecadados, mas da forma como isso é feito.

Uma simplificação, como a adoção do Imposto sobre Valor Agregado (conhecido como IVA) para o consumo; a redução do imposto em cascata, que tributa o mesmo produto desde sua matéria prima até o consumidor; alteração na tabela do imposto de renda; revisão dos custos tributários de mão-de-obra; discriminação dos impostos pagos sob o consumo e etc.

Estas são algumas das poucas medidas que podem se colocadas em pauta para a reforma para reduzir a engenharia financeira necessária para se manter uma empresa no Brasil. Isso faz parte de nossa matriz de custos desde sempre.

Não é possível também que os impostos respondam por em média 42% dos custos dos produtos, o que mascara o real valor dos mesmos, muitas vezes acima da média mundial. Ou seja, os impostos não só encarecem os produtos, como mascaram uma brutal lucratividade e baixa produtividade da indústria brasileira, mesmo com custos de produção notadamente baixos em termos globais.

Infelizmente, o cenário é cômodo para muita gente e a mudança não deve ocorrer neste ano, muito menos em 2014. E sinceramente, espero estar errado.