O IPCA fecha este ano aos 5,84%, perto do topo da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Muitos se perguntam, e daí? Devemos nos preocupar?

Advogo há muito tempo que as metas de inflação são incompatíveis com as projeções de crescimento econômico e que um PIB mais robusto demandaria uma política monetária menos restritiva.

O segundo ponto está aí. Nunca estivemos sob juros tão baixos, porém eles não são os solos culpados desta inflação e sim a renda. Vivemos um ano de crescimento medíocre, atividade econômica estacionária e contração em diversos setores da indústria.

Mesmo assim não deslanchamos, pois ao reduzirmos os juros, observamos que as grandes mazelas da economia brasileira continuam em voga e com força, o que faz do crescimento uma irrealidade.

Impostos, lucratividade, matriz de custos, tudo isso e muito mais contribuem para que não cheguemos nem perto dos recentes 7% aa de PIB.

Mesmo assim, o emprego e a renda continuam em alta, o que contribui para o crescimento da inflação em despesas pessoais, relativamente insensíveis às taxas de juros; alimentação e bebidas, com baixíssimo nível de sensibilidade aos juros; e transportes.

Sim, podemos crescer com mais inflação, mas precisamos CRESCER. O Banco Central já opera atualmente sem o pavor inflacionário que permeou as administrações anteriores, mas há a possibilidade concreta de reversão deste patamar de juros, mesmo que a inflação não tenha sido elevada por ele.

O cenário fica realmente estranho quando comparamos alguns dados. A Venezuela, per se um caso a parte cresceu 5,2% até o terceiro trimestre e fecha o ano com inflação de 18%; a Rússia tem uma inflação relativamente próxima à nossa, porém com crescimento até o terceiro trimestre de 2,9%.

A China fecha o ano com inflação de 2,5% e crescimento de 7,4% no terceiro trimestre; a Índia terá inflação de 7,24% com crescimento de 5,3% no terceiro trimestre e; os EUA devem fechar o ano próximo aos 2%, com crescimento de 3,1% no terceiro trimestre.

Estes dados demonstram o qual díspar é a relação de inflação com crescimento no mundo, mas também demonstra que estamos numa ponta perdedora com o PIB que devemos apresentar este ano vis-à-vis à inflação que teremos.

Ou seja, nosso problema deixou de ser a inflação faz tempo e agora é o crescimento econômico. E para o PIB não adiantam manobras mirabolantes ou contabilidade criativa, como aconteceu no passado e com outros dados do governo. Simplesmente não cresceremos e PONTO.

Dilma recentemente tem citado a questão dos impostos e se medirmos pelo passado recente (poupança, juros e elétricas), é possível que algo concreto ocorra nas mãos da presidente que tem feito tudo que seu antecessor não fez, talvez para “evitar a fadiga” como diria Jaiminho.

Agora é aguardar e rezar que mr. Butters se paute na realidade para trazer novas soluções para a economia brasileira.

Dilma e Mantega – Novaes