Vamos explicar passo a passo o que é o Sequester, ou Sequestration e como isso afeta a economia americana.

O que é o Sequester? É um pacote automático de cortes de gastos que compõem o Ato de Controle de Orçamento (Budget Act Control – BCA) acordados entre democratas e republicanos em agosto de 2011.

De quanto são os cortes? A expectativa é de US$ 1,2 trilhões que se iniciam hoje e terminam no final de 2021, igualmente divididos neste período. Portanto, para este ano, se esperam cortes de US$ 109 bilhões.

Onde será cortado? Os gastos serão igualmente divididos entre defesa, seguridade social e Medicaid, o plano de sistema de saúde americano.

Por que ele ocorreu? Em 2011, antes da eleição, a briga entre democratas e republicanos estava acirrada devido ao pleito e republicanos insistiam em cortes muito austeros para a elevação do teto da dívida americana.

O teto da dívida teve que ser elevado, caso contrário os EUA se tornariam insolventes em diversos aspectos, inclusive na sua folha de pagamento. O acordo simplesmente não resolveu a questão.

Preocupado com a eleição, o presidente Obama procrastinou o problema na esperança de um acordo até a sua eclosão no dia de hoje. O problema é que o acordo não veio e os cortes entrarão em vigor.

Naquele momento, houve apoio de líderes de ambos partidos nas duas casas e a esperança era criar algo tão absurdo, que com o tempo forçaria a criação de uma alternativa mais viável.

Mas o negócio é assim tão importante? Sim. O maior problema é que o Sequester foi engessado para uma bomba relógio de cortes indiscriminados nos programas entre 7,6% e 9,6% e tinha como intenção pressionar os congressistas a buscar um acordo antes de hoje, porém falhou.

Como afetará os EUA?  Os militares estão entre os principais afetados e já alertaram que se enfraquecerão com o processo devido ao seu caráter indiscriminado. Outro fator importante: defesa, saúde e outras indústrias afetadas são as maiores receptoras de recursos do governo federal e isso poderá elevar o corte de postos de trabalhos nestes setores.

A tendência é de contração e ao menos meio ponto no PIB americano, com efeito muito limitado no que cerne a contenção de gastos, ou seja, o Sequester é um processo burro e que não resolve a questão fiscal.

O que acontece agora? Simplesmente os cortes entram em vigor e o congresso americano deve entrar em novas e cansativas batalhas para tentar evitar que isso se torne um problema sistêmico devido ao caráter indiscriminado dos cortes.

Nenhuma das alternativas até agora apresentadas não foi aprovada com maioria em nenhuma das casas e como disse esta semana o chairman Bernanke, o Sequester simplesmente não afeta os gastos mais importantes, os de longo prazo e pode acabar por elevar gastos futuros na tentativa de recuperar seus estragos.

Certamente, a tendência de volatilidade maior no mercado financeiro é certa, até que algum tipo de acordo viável seja posto em prática, portanto, aguardem pregões emocionantes, depois do rally de começo de ano.

Então amiguinhos, como vemos, os políticos não são uma praga somente no Brasil, eles conseguem ter o “toque de Mídas” inverso até na maior economia do mundo.

Existe esperança de que algum tipo de acordo venha a evitar que o Sequester gere ainda mais problemas aos EUA, porém o maior problema é que mesmo após as eleições, a oposição americana continua muito parecida com aquela que víamos no Brasil nos anos 90, ou seja, torcer pelo pior sempre.

Sequester nem de longe é o fim do mundo, mas vai encher o saco por um bom tempo.

Bom fim de semana a todos.

*com ajuda do Washington Post.