“Das ist Jacke wie Hose”. Esta é uma expressão alemã que diz “não valeu nada”, ou algo como “seis por meia dúzia”. O resultado do PIB da Alemanha no último trimestre foi isso, simplesmente não valeu.
Observando as perspectivas para 2013, existe um obvio espaço para uma recuperação da potência germânica, porém o dado põe em xeque as ferrenhas premissas defendidas até recentemente sobre a questão da austeridade fiscal versus crescimento econômico.
Desde o agravamento da crise, a Alemanha tem agido como uma mãe severa contra os países banhados pelo Mediterrâneo, exigindo um comportamento fiscal exemplar, para que aí sim conseguissem receber a tão valiosa ajuda do bloco.
Todavia, ao não conseguir mais se beneficiar de uma desvalorização acelerada do Euro, a potência germânica falhou em entregar o crescimento e deixou de ser a locomotiva do bloco.
A Zona do Euro já não deve contar com a ajuda de boa parte de seus países e o desemprego e queda na produção da Espanha e da Itália já se traduziriam como um PIB ruim. Adicione agora um crescimento anual fraco da Alemanha, está desenhado um número “que não valeu nada”.
O projeto pan-germânico de dominação econômica, também conhecido como Zona do Euro tem falhas históricas e é um sistema que claramente beneficia àqueles com potencial econômico.
Ao unir países diferentes e tirar-lhes o poder de alterar suas relações de moedas, como no caso da Grécia, trava-se um dos principais instrumentos de política monetária disponível a um país no caso de uma crise.
Pior ainda, ao impor um comportamento fiscal germânico, o país se esquece das profundas diferenças culturais que permeiam a Europa e como isso mais do que nunca define como é versado o recurso público.
Ninguém deve tirar a razão da Alemanha ao querer que os países “entrem nos eixos”, mas a recusa em ajudar possui um monstruoso componente político (assim como os pedidos de ajuda) e força à situação que já citei anteriormente, de dar o remédio ao paciente, somente se ele melhorar.
Pois é, dona Alemanha, tá na hora de rever seus conceitos.