O UBS e outros bancos europeus estão atualmente navegando em um cenário financeiro complexo, com vários questões importantes em aberto, relacionadas às suas dívidas e estabilidade geral do sistema bancário do velho continente.
O UBS permanece em discussões contínuas com o governo suíço sobre seus planos de capital, com foco em alinhar dados para embasar decisões sobre os requisitos mínimos de capital do banco, os quais estão em 4,5% de acordo com Basileia III especialmente à luz da aquisição do Credit Suisse em março do ano passado e a finalização da fusão em julho deste ano.
A Ministra das Finanças da Suíça, Karin Keller-Sutter, indicou que tais requisitos serão determinados com base na capacidade do banco de resolver, sob novos parâmetros de estabilidade, as repercussões econômicas resultantes de possíveis falências bancárias.
Em 2024, bancos europeus elevaram significativamente a emissão de dívidas subordinadas com menor classificação de risco, elevando o valor para €35 bilhões, comparado aos €22,5 bilhões no mesmo período em 2023.
Por outro lado, a oferta de dívidas sem garantias e de menor risco diminuiu, refletindo as estratégias dos bancos para lidar com condições de mercado incertas e pior, para cumprir os requisitos de Basileia III, fonte de reclamação de boa parte dos bancos europeus.
Deste modo,os bancos europeus levantaram €278,16 bilhões nos primeiros nove meses de 2024, uma queda de cerca de 15% em relação aos €324,28 bilhões no mesmo período do ano passado. Essa redução vem da escassez de ofertas de capital próprio e a um ambiente de política monetária cautelosa.
A Autoridade Bancária Europeia (EBA) destacou vulnerabilidades nos bancos da UE devido à exposição significativa ao mercado imobiliário comercial, totalizando mais de €1,4 trilhão. Bancos menores, com exposições que excedem seu capital, estão particularmente vulneráveis a quedas de mercado.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) expressou preocupações sobre bancos retirando mais de US$ 1,1 trilhão de riscos de seus balanços usando técnicas de “round-tripping“, transferindo risco dos bancos para os investidores, representando possíveis ameaças sistêmicas devido à falta de dados sobre a dívida que os bancos fornecem para esses acordos.
Embora o UBS e outros bancos europeus estejam ativamente gerindo seus portfólios de dívida e requisitos de capital, eles enfrentam desafios provenientes de vulnerabilidades de mercado e escrutínio regulatório.
O aumento da emissão de instrumentos de dívida de maior risco e a exposição significativa a setores como o imobiliário comercial exigem monitoramento cauteloso para mitigar possíveis riscos e órgãos reguladores estão enfatizando a necessidade de transparência e práticas robustas de gestão de risco para garantir a estabilidade do setor bancário.
Os problemas recentes com o UBS e outros bancos europeus, especialmente em relação à gestão de dívidas e riscos, têm paralelos com os desafios que o Deutsche Bank enfrentou em 2019.
No caso do Deutsche Bank, os problemas foram impulsionados principalmente pela exposição a ativos de alto risco, pressão regulatória e um ambiente de mercado volátil — fatores que parecem ecoar no cenário bancário atual, embora com algumas complexidades novas.
O Deutsche Bank tinha uma exposição significativa a ativos de alto risco, especialmente derivativos, o que aumentou sua vulnerabilidade durante crises financeiras.
Da mesma forma, os bancos europeus atualmente enfrentam uma alta exposição ao setor imobiliário comercial, com a Autoridade Bancária Europeia identificando recentemente mais de €1,4 trilhão em ativos imobiliários arriscados entre os bancos da UE.
Bancos menores, em particular, têm exposições que superam seu capital próprio, apresentando riscos semelhantes aos enfrentados pelo Deutsche Bank na gestão da estabilidade do seu balanço.
O Deutsche Bank levantou capital emitindo dívidas subordinadas de alto risco, especialmente após a crise financeira de 2008, o que aumentou a pressão sobre sua liquidez e elevou os custos de serviço da dívida.
Hoje, os bancos europeus também estão emitindo uma quantidade substancial de dívidas subordinadas — €35 bilhões em 2024, um aumento significativo em relação ao ano anterior.
Esse padrão, embora possa ser benéfico em termos de liquidez imediata, representa riscos à estabilidade de longo prazo, pois as dívidas subordinadas tendem a ser mais vulneráveis a inadimplências em períodos de crise.
O Deutsche Bank esteve envolvido em transações financeiras complexas para transferir riscos para fora de seus balanços, semelhante ao problema de “round-tripping” destacado atualmente pelo FMI e citado acima, criando uma redução de risco no papel ao transferir passivos para terceiros, apenas para reinvestir nessas transações indiretamente.
No caso do Deutsche Bank, essas estratégias, embora oferecessem alívio a curto prazo, obscureciam substancialmente a verdadeira dimensão dos riscos, levando a uma maior fiscalização regulatória.
Agora, outros bancos europeus enfrentam uma fiscalização semelhante por usar estratégias fora do balanço patrimonial.
Lá atrás, o Deutsche Bank enfrentou exigências regulatórias rigorosas das autoridades europeias para fortalecer sua base de capital.
Da mesma forma, os requisitos de capital do UBS estão atualmente sob revisão pelas autoridades suíças, com foco em garantir a “resolvibilidade” do banco em tempos de crise.
A pressão regulatória hoje permanece intensa para os bancos europeus, especialmente enquanto navegam pelo ambiente pós-COVID e pelas tensões geopolíticas que afetam a economia global.
Essas conexões mostram que muitas das vulnerabilidades estruturais enfrentadas pelos bancos europeus hoje — alta exposição a ativos arriscados, dependência de instrumentos de dívida complexos e técnicas opacas de transferência de risco — refletem os problemas que o Deutsche Bank enfrentou.
O foco regulatório em transparência e estabilidade indica uma lição aprendida cem 2019, mas a persistência dessas práticas sugere que o setor continua enfrentando desafios profundos em equilibrar as necessidades de financiamento de curto prazo com a estabilidade financeira de longo prazo.
A redução da valorizzação do Euro frente ao Dólar, com a moeda somente operando acima dos níveis de 2022 pode se tornar outro ponto de conflito, em meio às questões de endividamento em dólares de diversas instituições.
Nada como um desafio desta magnitude para alimentar uma crise de cauda gorda no mundo, pois este é somente o problema do setor privado, em breve, mostraremos a situação fiscal dos países.
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