Se janeiro for bom, o resto do ano será bom. Se seguirmos essa premissa dos investidores internacionais, estamos numa encruzilhada então. Janeiro foi um mês excelente para muitas bolsas de valores internacionais, porém o Ibovespa fechou o mês no negativo, na contramão das premissas do restante do mundo.
Já citamos aqui anteriormente os fatores que podem levar a um ano positivo e aqueles que mantem a lateralidade do índice de maneira quase indelével, mas com os mais recentes resultados de empresas, há dúvidas se é possível “surfarmos” na onda do mercado global.
Imaginemos o cenário de melhor dos casos. EUA crescendo, com China, Japão, Alemanha, Reino Unido e França logo atrás, amenizando os efeitos que a crise ainda tem no mundo.
O apetite pelo prêmio de risco sobe, as bolsas de valores se tornam mais atraentes devido à queda generalizada de juros e as capitalizações começam a se multiplicar.
Tudo parece bem, segundo as CNTP (Condições Normaias de Temperatura e Pressão). Obviamente, os riscos estão altos, mas o investidor não quer pensar nisso neste momento, ele vai aproveitar a situação.
O dinheiro começa a circular e eis a grande questão. Neste cenário de riscos ainda em alta, não tenho fé no retorno dos grandes investidores internacionais aos mercados financeiros de países emergentes, não com a força vista no passado.
O panorama de ganhos deve ser centrado em cada país num primeiro momento, até que as bolsas de valores de mercados industrializados se tornem mais “caras”, daí então a busca por alternativas.
Todavia, isso não ocorre em um só ano, portanto, não ocorrerá em 2013. A outra pergunta é se vierem para cá, onde poderá fluir o dinheiro.
Lembrando que estou falando de “mercado financeiro”, ou seja, bolsas de valores, mercadorias, futuros e câmbio. Repito, o mercado de private equity não teve um anode 2012 ruim em diversos aspectos.
Empresas com o toque estatal continuam sob o temor do risco regulatório, o que se traduz como alterações de regras, oscilações cambiais e uso politico / econômico das mesmas.
O setor de commodities agrícolas pode se beneficiar com as persistentes secas mundiais, porém a possibilidade de elevação da inflação local é um componente negativo nos rendimentos, considerando a atual taxa de juros.
O cenário para o setor bancário pode ser benéfico num panorama de crescimento econômico mais acelerado, principalmente com a redução das carteiras de crédito “contaminadas” por juros antigos mais altos e das atuais taxas nominais historicamente baixas. Porém, o dedo estatal continua a manter o receio ativo.
O setor de construção civil vive sob o temor de edição de regras para redução do consumo e consequentemente dos preços, para tentar debelar a inflação sem necessariamente mexer na atual Selic.
Já o consumo, este sim tende a se beneficiar de um crescimento econômico global mais acelerado e pode receber uma parcela maior dos investimentos internacionais em bolsas de valores.
Juros baixos, estabilidade econômica local, situação de quase pleno emprego, redução da inadimplência, cenário internacional calmo. Tudo isso pode fazer do setor um grande ganhador.
O problema é isso se refletir no índice Bovespa, fortemente influenciado por setores que podem não desempenhar ganhos tão bons e dar a sensação de que o mercado local não consegue acompanhar os ganhos internacionais, ou mesmo, que não seja uma opção viável frente a seus pares internacionais como o restante dos BRICs (Rússia, India e China) ou mesmo latinos como México, Chile e Colômbia.
Portanto, mesmo um cenário positivo não garante um ano exatamente positivo ao mercado de renda variável brasileiro.