Sem surpresas, Davos não deu em nada. Conforme citamos no artigo “Europa – por quem os sinos dobram”, a inconsistência política do bloco do Euro, a necessidade de crescimento de grandes nações industrializadas e a China são eventos completamente diferentes e não se alinham ao mesmo objetivo, o fim da crise.
Não há e sequer haverá coordenação global para um ajuste econômico e nem mesmo seria viável. A Espanha, até agora um tanto esquecida do cenário internacional, deve voltar à tona em muito breve com seu sistema bancário quebrado.
A Grécia, de quem ninguém fala, está em situação semelhante e a mudança de foco aos EUA, desde a eleição até a temporada de balanços dá a falsa sensação que outros problemas se auto resolveram, quando na verdade estão em processo de agravamento.
Não é pessimismo, é realismo. Estamos num processo global mais complicado do que em 2010. Possuíamos um momentum de crescimento econômico, maiores reservas e perspectivas positivas, obviamente quebradas pelas notícias da Europa.
Hoje estamos incrustrados em um realismo mais cruel, onde as perspectivas de crescimento mundial dependem necessariamente da recuperação de poucas e essenciais economias. Sem os EUA, Reino Unido, Alemanha, Japão e China, estamos perdidos.
E este é o grande problema, o globo depende da recuperação de 5 economias e talvez tenhamos passado por situação semelhante somente durante as guerras, pois anteriormente, a falta de tal “globalização” deixava as economias operar de maneira relativamente autônoma.
Hoje somos um só mundo, onde a inflação de um país pode afetar os ganhos do outro, onde a política de recuperação econômica “lá” é considerada desvalorização cambial protecionista “aqui” e por aí vai.
A cada relatório Focus que é divulgado, o mercado duvida da capacidade brasileira de recuperação com um PIB menor e inflação maior. Estamos mais do que nunca a mercê do nosso velho amigo Obama, o qual não está com um trabalho nem um pouco fácil, pois a questão política tem tido peso novamente redobrados em face às necessidades do país, consequentemente, do mundo.
Não é pessimismo, acredito na possibilidade concreta de recuperação, mas como disse em 2009, minha crença continua arraigada em uma reversão completa dos efeitos de 2008 somente em 2018 e aparentemente, não errarei nessa.
Portanto, tudo aquilo que estamos passando agora é o processo de recuperação de uma das maiores crises econômicas já vistas pela humanidade, totalmente causadas pela mão do homem e pela imprudência regulatória de alguns governos.