FMI divulga perspectivas econômicas globais para este ano, enquanto autoridades se reúnem em Davos, na Suíça para o Fórum Econômico Mundial e ministros de finanças europeus se reúnem por dois dias antes da reunião.
Do outro lado do mundo, o Banco do Japão (BC japonês) está reunido por dois dias, enquanto o Yen afunda em busca de novos patamares desvalorizados. O desejo do primeiro ministro Shinzo Abe seria de algo em torno de ¥100/US$, um pouco longe dos atuais ¥89,6/US$, porém já são um alento para um país notadamente exportador.
O programa de estímulo fiscal de US$ 117 bilhões de dólares tem exatamente a função de inundar o mercado de yens, desvaloriza-lo e melhorar a posição de décadas de estagnação econômica. Mesmo que em um nível relativamente confortável, mas ainda, estagnação econômica.
*Nota aos desavisados, uma moeda desvalorizada (principalmente em relação ao dólar, ou seja, um dólar “alto”) melhora os ganhos do setor exportador de um país a cada venda, pois torna os produtos do país mais “baratos” aos compradores externos, sem alterar o preço interno. Ou seja, qualquer mínimo movimento de moeda, tem um grande impacto aos exportadores.
De volta ao velho continente. A série de encontros desta semana poderia trazer expectativas de mudanças significativas ou mesmo, algum novo pacote de estímulos. Poderia, mas não vai.
O encontro de Davos vai escancarar algumas realidades presentes, entre elas algo como “cuida do seu que eu cuido do meu”. China, Japão e EUA estão muito preocupados com sérias questões internas para se preocupar com a Europa.
Dentro da própria Europa, o componente político começa novamente pesar devido aos resultados econômicos ainda muito fracos, ou mesmo reversões ao negativo, como no caso da Alemanha.
Merckel deve enfrentar nas próximas semanas dificuldades para desenhar sua reeleição. Após perder a maioria durante a recente eleição parlamentar na baixa Saxônia, a recondução de Angela Merckel já não está tão garantida.
História bonita e tal, mas o que isso nos interessa? Nos interessa que, em momentos que decisões críticas e muitas vezes impopulares devem ser tomadas pelo bem do país, o desejo político interfere com grande intensidade, até mesmo nas economias industrializadas.
A questão cultural, que pesa em muito nos gastos de países mediterrâneos ainda não foi discutida e sequer será e o modelo econômico de muito dos países não é compatível com o mundo atual, principalmente com a ascensão de economias emergentes, com seus investimentos mais acelerados em bens de capital modernos.
Neste contexto, os EUA estão preocupados com seu teto da dívida, o Japão com a desvalorização de sua moeda e a China, com a manutenção do momentum renovado de seus indicadores econômicos. Ou seja, cada um com seus problemas.
Não há reedição de planos Marshall (aquele que os EUA usaram para reconstruir a Europa no pós guerra. Não há uma presença mais forte do FMI no processo (todo brasileiro com mais de 30 anos sabe bem do que estou falando).
A Europa depende de si mesma e de um cenário conjunto de crescimento econômico MUITO BOM, mais ou menos o que nosso governo espera.
Portanto, algo concreto de Davos não deve sair e se acontecer, haverá dúvidas quanto à eficácia.