Inflação do bem. Essa seria a melhor interpretação para a decisão do Banco do Japão para incluir uma meta de inflação de 2% ao ano para o país. Eis uma interpretação das metas de inflação que passa longe da mente das autoridades brasileiras.
Sim, temos uma inflação alta, acima da média, mas nada considerado monstruoso se considerarmos os países emergentes. Porém, inflação sem crescimento, este sim é o nosso problema.
No caso japonês, as metas de inflação mais altas buscam acelerar a economia ao ponto em que os preços reajam à uma demanda maior, com uma série de estímulos econômicos e também com a desvalorização do yen.
O Japão é um país totalmente peculiar, pois a teoria econômica não funciona exatamente “by the book” e é por isso ser possível anos de crescimento muito baixo e deflação, sem se traduzir como desemprego em massa.
Outra peculiaridade que assusta muito o mundo é a dívida de 230% em relação ao PIB, que é aliviada pela taxa de poupança também fora de padrão, algo em torno de US$ 180 mil por família. Isso não acontece em lugar nenhum do mundo, não nestes valores.
Este é o sustentáculo do país do sol nascente e aí está o problema. O governo estimula o consumo, que gera crescimento econômico, que gera inflação e que pode demandar uma ação de política monetária, como por exemplo, subir os juros.
SUBIR OS JUROS?!? Como assim num país com a dívida de 230% do PIB?!? É um desastre eminente, nem perto do que aconteceu na Grécia, Itália ou adjacências.
O crescimento econômico mais acelerado sustentaria essa redução de dívida? Esta é outra dúvida mais do que pertinente, pois depende da conjunção de um cenário econômico global de céu azul, maré calma e tudo lindo (mais ou menos o que o nosso governo espera, após um ano de trapalhadas econômicas).
Então é isso pessoal, vamos torcer, mais do que nunca. Comprem, agitem a economia, aqueçam os indicadores, pois é o desenfreio no consumo que salvará o planeta no curto prazo. E o destruirá no longo.