Em um reino próspero, governado pelo Rei Sapão, a desorganização financeira era um segredo de estado. Apesar da ganância na arrecadação de tributos, o reino vivia em constante penúria, com cofres vazios e credores impacientes. O Rei, conhecido por sua astúcia e eloquência, era mestre em desviar a culpa e criar desculpas mirabolantes para explicar a situação.
Em certa ocasião, um grupo de mercadores, cansados de esperar pelo pagamento de suas dívidas, reuniu-se para confrontar o Rei. Ao chegarem ao imponente castelo, foram recebidos por Jaiminho, que os acolheu com um sorriso caloroso e um banquete digno de reis.
“Meus caros súditos”, disse o Rei, com voz rouca e teatral, “compreendo vossa inquietação. As dificuldades que enfrentamos são reflexo de um mal maior, uma praga que assola nosso reino e dizima nossa economia. Infelizmente, a escassez de recursos impacta diretamente nossa capacidade de honrar nossos compromissos.”
Os mercadores, céticos, questionaram a gravidade da situação. O Rei, sem hesitar, convocou seu leal conselheiro – Jaiminho, um homem submisso, que confirmou a narrativa do Rei com detalhes vívidos e dramáticos. “Mas Majestade”, interveio um dos mercadores mais audaciosos, “se as dificuldades são tão grandes, por que não vemos sinais dela em vossa mesa farta e em seus trajes luxuosos?”
O Rei, por um instante, pareceu sem palavras. Mas logo recuperou a compostura e respondeu com astúcia: “Meus amigos, a realeza precisa manter a opulência para inspirar o povo e manter a ordem no reino. Os mercadores, ainda desconfiados, mas comovidos pela suposta abnegação do Rei, concordaram em aguardar mais um pouco pelos resultados prometidos. O Rei, aliviado, os presenteou com joias e mais promessas vazias, ganhando tempo para encontrar uma nova desculpa para seus problemas.
Dias depois, um grupo de construtores chegou ao castelo, cobrando dívidas por obras inacabadas. O Rei, sem perder a calma, inventou uma história sobre uma inundação que havia destruído parte do reino, necessitando de desvios emergenciais dos fundos destinados às obras de reconstrução.
Assim, o Rei seguia, tecendo teias de mentiras e ilusões, culpando sempre fatores externos por sua má gestão e ineficiência. O reino, cada vez mais endividado e empobrecido, clamava por um líder sábio e honesto, capaz de colocar as finanças em ordem e restaurar a prosperidade.
Essa fábula serve como um lembrete de que a responsabilidade e o comprometimento com a palavra empenhada, são qualidades essenciais para um bom governante. A arte da desculpa e a busca por culpados podem trazer alívio momentâneo, mas ao longo do tempo, apenas aprofundam os problemas e corroem a confiança do povo. No fim, a verdade sempre prevalecerá, e aqueles que se esquivam de suas responsabilidades serão cobrados pelo tempo e pela história.
Espero que essas fabulas sirvam para te divertir um pouco, já que os dias andam tensos.
Bons negócios!