Ao longo dos últimos cinco anos, o preço da soja no mercado internacional vem operando bem acima da média histórica do preço da oleaginosa na bolsa de Chicago. Foram três fatores que contribuíram para essa disparada recente no preço. Primeiramente, o forte aumento da demanda chinesa.
O segundo fator, foram às quebras de safras significativas em 2008 e 2012 nos EUA e no ano passado na América do Sul. E por último e com menor peso nessa equação, a depreciação do dólar frente às principais moedas do mundo ao longo dos últimos anos.
A abertura econômica da China no início da década de 80 proporcionou ao país uma forte expansão do PIB local nos últimos vinte e dois anos. Entre 1980 e 2012, o gigante asiático apresentou um crescimento anual médio de absurdos 9,9%. Essa elevação na atividade econômica do país possibilitou uma grande melhoria na qualidade alimentar de sua população, que passou a ingerir mais proteína, principalmente, bovina e suína.
Como soja é um importante insumo para a fabricação de ração para esses animais, a demanda chinesa pela oleaginosa explodiu desde então, como poderemos observar no gráfico abaixo. Vale destacar, que soja é sem dúvida o produto de maior concentração de proteínas na composição da ração animal.
Apesar do forte aumento da demanda pelos chineses, o país tem limitação geográfica para expansão de sua área agriculturável, o que impossibilita que a oferta local consiga se expandir na velocidade do crescimento da demanda.
Por conta do descasamento entre oferta e demanda, a partir de 1996, o país passou a ser um importante importador de soja e atualmente importa 65% de toda oleaginosa negociada pelo mundo.
Mesmo com o contínuo aumento da demanda chinesa gerando uma forte necessidade de importação, apenas três países seguem se destacando globalmente na produção de soja. São eles: Brasil, Argentina e EUA. Atualmente, esses países do Continente Americano são responsáveis pela produção de 81% da oferta mundial dessa commodity.
Por conta disso, qualquer quebra de safra em um desses três países acaba por impulsionar significativamente o preço da oleaginosa no mercado internacional.
Para desgraça dos processadores de soja, houve quebra de safra nos três países ano passado, o que levou o preço da commodity a bater recorde histórico em setembro do ano passado, quando atingiu US$ 17,665 por bushel (1 saca = 2,20462 bushel). Abaixo temos uma tabela mostrando o tamanho da quebra de oferta no continente americano.
O reflexo da quebra de safra com o contínuo aumento da demanda chinesa por soja acaba se refletindo no preço, com o valor da oleaginosa atualmente 92,8% acima da média dos últimos 22 anos.
Após um ano de preços elevadíssimos em 2012 e início de 2013 devido dos fatores citados acima, a expectativa para frente é de recuo no preço da soja, principalmente para o segundo semestre de 2013, quando as safras da América do Sul e do Norte estarão disponíveis ao mercado.
O boom no preço estimulou o aumento de área e, consequentemente, de produção e espera-se para o ano atual um volume recorde de safra a ser colhida no Continente Americano. Ou seja, o remédio para preço alto é o próprio preço elevado.
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