Ainda que esteja em alta hoje no mercado internacional, o cenário internacional para o petróleo não é dos melhores e sequer as notícias de um possível furacão Francine de grande escala e conflito Oriente Médiosão suficientes para dar tração à commodity.
Entre as razões para tal contração de preços, estariam:
- Temores de recessão global: A preocupação crescente com uma desaceleração econômica global, especialmente em economias chave como Estados Unidos, China e Europa impacta nos indicadores de atividade econômica. Uma possível recessão tende a reduzir a demanda por petróleo, o que pressiona os preços para baixo;
- Desaceleração econômica na China: A economia chinesa, grande consumidora de petróleo, vem mostrando sinais de fraqueza em setores como o imobiliário e a indústria. A lenta recuperação econômica da China pós-pandemia diminuiu a demanda por petróleo, afetando diretamente os preços;
- Aumento da produção de petróleo: Alguns países produtores, como os EUA, aumentaram sua produção, especialmente de óleo de xisto. Isso elevou a oferta global de petróleo, enquanto a demanda não cresceu no mesmo ritmo, criando um desequilíbrio que puxa os preços para baixo. (Leia abaixo)
- Decisões da OPEP+: Embora a OPEP e seus aliados (OPEP+) tenham feito cortes de produção para tentar equilibrar o mercado, o impacto não foi suficiente para conter a queda nos preços, dado o excesso de oferta e a fraca demanda. Para piorar, a OPEP chegou a propor aumento de produção, impactando ainda mais os preços;
- Dólar forte: O fortalecimento do dólar americano também impacta o preço do petróleo, já que a commodity é cotada nessa moeda. Quando o dólar se valoriza, o petróleo se torna mais caro em outras moedas, reduzindo a demanda internacional. Outro ponto são as incertezas quanto ao futuro da economia americana e o que o Federal Reserve fará nas próximas reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto;
- Estoques mais altos: Há relatos de estoques elevados em várias regiões, especialmente nos EUA, o que também contribui para uma pressão de baixa nos preços do petróleo.
Este cenário de descompressão de preços não tem, ao menos no curto prazo, perspectivas de mudanças e já incluímos algumas descompressões de preços de combustíveis em nossas projeções para inflação local, especialmente no IPCA.
O FRACKING
Apesar de toda preocupação ambiental e da postura contrária do governo em relação à indústria, houve aumento da produção de petróleo nos Estados Unidos, especialmente impulsionado pela extração de óleo de xisto (fracking).
A administração Biden tem adotado uma abordagem restritiva quanto ao fracking e à exploração de combustíveis fósseis, principalmente em terras federais.
Seguindo a agenda 2030, o foco da política energética tem sido a transição para fontes de energia limpa e renovável, alinhada com os compromissos climáticos.
No entanto, essa posição não resultou em uma proibição total do fracking, mas no seu enfraquecimento e retirada do apoio maciço que ocorreu no governo Obama, esforço ironicamente capitaneado por Joe Biden à época.
A Independência energética e segurança nacional, é um fator relevante pelo governo americano, apesar da falta de apoio à produção doméstica de petróleo.
Porém, isso permite aos EUA depender menos de importações de petróleo de regiões instáveis, como o Oriente Médio e a OPEP. O governo permite, em parte, que a produção continue, mesmo que com restrições em áreas sensíveis.
Com o aumento da demanda por petróleo após a pandemia e os impactos da guerra na Ucrânia, que reduziu a oferta global devido às sanções à Rússia, a produção americana foi uma forma de equilibrar os preços e evitar aumentos ainda maiores no mercado interno.
Para driblar tais restrições, os investidores que foram pioneiros neste modal de extração mudaram de foco. Hoje em dia, a maior parte do fracking ocorre em terras privadas e estaduais, sobre as quais o governo federal tem menos controle.
Assim, mesmo com regulamentações mais rigorosas em terras federais, a produção continua forte em outros locais, especialmente nos Red States (estados com governo republicano).
O rust belt depende muito da extração e a indústria do petróleo é importante para várias economias regionais dos EUA, como o Texas e a Dakota do Norte.
Mesmo com restrições ambientais, há pressão econômica para que a produção de petróleo continue nesses estados.
É o livre mercado agindo a corrigir distorções criadas pelo governo, onde não havia problema anteriormente.
Concluindo, embora o governo Biden tenha uma postura mais crítica em relação ao fracking e aos combustíveis fósseis, a necessidade de manter a oferta de petróleo e a segurança energética doméstica levou ao aumento da produção em áreas que não estão sob controle direto federal, contribuindo para a alta produção recente.
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