“Sequester” se você ainda não ouviu este termo, fique atento, pois será a questão mais importante do mercado financeiro e da economia mundial nos próximos dias e se não for resolvido, neste ano todo.
O termo se refere ao “rabicho” deixado para trás após o acordo para evitar o abismo fiscal. É um conjunto consideravelmente grande de cortes de gastos obrigatórios sobre os quais democratas e republicanos não chegaram num acordo.
A disputa teve fim no dia 23 de novembro de 2011, quando o super-comitê falhou em resolver a redução do déficit de US$ 1,2 trilhões e assim, o “sequester” foi deflagrado.
Além dos fortes cortes de gastos, que tem o potencial de retrair o PIB americano e elevar o desemprego novamente para acima de 8%, o problema é a falta sequer de uma discussão entre os partidos quanto ao tema.
Isso tende a levar os EUA a crescer aquém do necessário para manter o ritmo de recuperação da crise de 2008, algo abaixo dos 2% ao ano e atrasar o processo de recuperação mundial.
O evento tem data marcada, 1º de março e até este momento, parece ser inevitável e provavelmente o congresso americano deva agir reativamente, principalmente quando o mercado financeiro der sinais claros de estresse que afetarão a economia e o emprego.
Porém, os conservadores americanos parecem mais preocupados em levar em diante os cortes, mesmo que defesa seja fortemente afetada e inclusive querem aumenta-los do que tentar qualquer acordo viável no curto prazo. O problema dos excessivos gastos dos EUA deveria ser endereçado como os republicanos querem, para evitar que o problema se torne insustentável às gerações futuras,
O país ainda consegue se financiar com a emissão de sua dívida, principalmente aos compradores asiáticos, mas o limite está muito próximo. Porém, os democratas seguem a linha de pensamento econômico de que os controles de gastos devem ocorrer após a economia conseguir sustenta-los.
Isso é uma grande verdade, pois uma parcela significativa das economias europeias não consegue deslanchar, pois se vê obrigada a cumprir controles fiscais incompatíveis com as necessidades de aquecimento da atividade econômica. Tudo isso põe à prova os princípios da teoria Keynesiana contra o liberalismo econômico.
O mais estranho é notar os liberais republicanos tão preocupados com cortes de gastos, ou seja, mesmo após a vitória de Obama, há uma insistência em minar os esforços do presidente americano para retomar o desenvolvimento econômico.
Já vimos isso no passado brasileiro, onde uma oposição feroz fazia tudo para reprovar qualquer coisa que pudesse ajudar o país e “deixar bem” o governo de situação. Nos EUA, ouvi de republicanos que preferem 8 anos ruins de Obama do que deixa-lo na história como um bom presidente, é este o nível da conversa.
O que resta agora é a tentativa dos democratas de mandar o plano que já está em andamento no senado para a câmara, porém os republicanos já deram sinal que tentarão barrar a todo custo.
Pois é, mais uma vez, políticos “ajudam”. E a economia americana assim, sofre.