Manchetes muito comuns em sites de finanças são argumentos como “o índice encontra-se em ponto de suporte e rompido este para baixo, a queda deverá se manter” ou “o índice está em nível de resistência e se houver rompimento o índice tenderá a subir” ou ainda “o índice está em acumulação e só saberemos o seu rumo quando romper para cima ou para baixo”.
Quem acompanha o mercado busca por notícias, informações acerca do movimento que está acontecendo com determinado ativo, uma alta modesta, por exemplo de 1%, não faria alguém buscar alguma notícia, pois estes movimentos curtos são comuns.
No entanto, quando nos deparamos com uma ação ou índice subindo ou caindo 5%, aí sim vamos atrás para saber, por curiosidade ou porque temos em nossas posições estes ativos, alguma informação que justifique este movimento tão forte e muitas vezes não encontramos nada que explique esta oscilação tão brusca.
Na semana que passou, ocorreu um fato que exemplifica isso. Quem acompanhou as ações do grupo EBX, em especial da OGX, a “Ex-queridinha”, sabe que ela está passando por um momento de muita volatilidade: ora por descrença de seu fundador Eike Batista, ora por rumores de que a empresa está com problemas em seu fluxo de caixa, impossibilitando a obtenção de recursos financiados (do BNDES, será?).
Esta queda tão acentuada obviamente se deveu a estas suposições, pois na semana do dia 4 de março foi anunciada uma parceria entre o grupo EBX e o banqueiro André Esteves, um acordo por eles chamado de “acordo de cooperação de estratégia”. Este foi o motivo pelo qual no dia 5 de março as ações da OGX subissem 19% (a máxima daquele dia foi R$3,73) e uma semana depois passassem a valer R$2,49 (mínima da semana: R$2,32), o que representa uma queda de 38% sem qualquer fato que justificasse mais quedas!
Ok, ok! A produção de petróleo anunciada pela OGX foi bem abaixo das estimativas, mas a ação já vinha caindo antes do anuncio! Depois desse episódio, a OGX enviou à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) um comunicado garantindo que requereu à ANP (Agência Nacional de Petróleo) um certificado chamado “declaração de comercialidade” de vários poços onde ela tem produção.
Certamente a OGX deixou muitos analistas gráficos sem ter o que dizer, além de terem sofrido vários stop loss, pois uma queda de quase 40% em linha reta passou por muitos suportes e somente quem tem o hábito de fazer essas leituras gráficas com um prazo um pouco mais longo, deixando de usar intraday de 15 minutos para usar um semanal por exemplo, viu que uma projeção (desde que rompeu para baixo dos R$5,00 em meados de janeiro de 2013) seria aproximadamente de R$2,40, devendo ter uma correção técnica neste ponto e evitando, assim, uma entrada desnecessária na operação antes que esta figura se concluísse.
Agora que tocou nesses níveis, por incrível que pareça começaram a pipocar notícias favoráveis à empresa. Um exemplo é a divulgação de um relatório assinado pelos analistas, dessa vez “fundamentalistas”, do Banco BTG PACTUAL (do próprio André Esteves) dizendo que o preço justo para as ações da OGX é de R$17,00 – e olha que o justo, segundo o BofA (Bank of America) é de R$1,00!
Outro exemplo é a divulgação pela CBLC (Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia) de que o nível de aluguéis no BTC (Banco de Títulos Custodiados) está no limite de ações disponíveis, devendo estes ser cobertos, gerando um short-squeeze (cobertura repentina de posições vendidas).
Não adianta recorrer a vários analistas técnicos, pois cada analista enxerga as figuras gráficas de maneira diferente; seja por usar muitos indicadores (que certamente criam mais divergências), seja por não usar aquele que você vê como prioridade.
Por esta razão é recomendável que escolha apenas um e que confie nele, pois cada analista vai utilizar as ferramentas gráficas que ele considera adequadas, o que levará a algum resultado. Seguir mais de um analista poderá levar ao fracasso de todas as estratégias, pois enquanto um vê uma tendência de queda, o outro espera um rompimento que leve a uma tendência de alta.
É preciso entender que os movimentos muitas vezes começam por causa de notícias, que levariam por si só apenas até determinado preço, mas que podem continuar pelos stops programados pelos especuladores que utilizam a análise técnica em suas operações.
#ficaadica: a análise técnica sempre dá resultado, cedo ou tarde, desde que você confie no seu analista – e só nele!