Ela já chegou a valer mais de R$ 23. Seu IPO, em 2008, foi o maior da bolsa brasileira. Seu CEO, a síntese do empresário brasileiro fiel e combatente, que superava todas as expectativas e dificuldades de se montar um projeto imenso a partir do nada, com financiamento baseado na confiança dos investidores.
Porém, algo aconteceu… o petróleo não fluiu como esperado, as ações passaram a perder terreno (em preço, pois em volume ainda é a mais operada do Índice IBOVESPA), os investidores ficaram assustados e os especuladores assumiram o controle da situação. Lá por meados de novembro de 2010, após atingir máximas, o papel da empresa (OGXP3) entrou em uma forte tendência de baixa, tendo como combustível os short-sellers que alugavam papéis e os vendiam a descoberto. O volume inflou, a ação caiu fortemente e novos vendidos apareceram, mais aluguel de ações, um ciclo nocivo (e perigoso) que se auto-alimentava.
A bolsa, no entanto, tem limites. No caso, o limite era de 30% para aluguel dos papéis. Porém, quando este limite foi batido, a Bolsa o aumentou para 45%. Imediatamente a ação tomou outro tombo, e atualmente 85% do limite está utilizado. Pegou mal… a Bolsa tem sido acusada de favorecer os vendidos, a volatilidade do papel está altíssima (o ATR – Average True Range diário é de quase 5%) e a cotação do papel chegou a bater R$ 1,25 – ou seja, mais de 95% de baixa desde a máxima. Virou papel-opção, no jargão de mercado.
Mas e agora? O que acontece?
Há algumas semanas, vem se ouvindo no mercado uma expressão: SHORT SQUEEZE. Esta situação acontece quando o preço da ação começa a subir, os vendidos tem que comprar para desmontar a venda e entregar o aluguel e os papéis ficam escassos. A demanda supera em muito a oferta, e quem está vendido é “apertado” (squeezed) e não consegue sair sem pagar um baita spread. A música para, e na dança das cadeiras alguns sobram de pé, e com a conta para pagar. As chances das ações darem um belo salto, neste caso, são grandes. Não há fundamentos econômicos, obviamente. É um movimento especulativo de correção, mais ou menos como um elástico esticado para baixo que arrebenta, e vai na direção oposta.
Operar este movimento, no entanto, é arriscado. Arriscadíssimo. Afinal, ninguém sabe quando ou o que vai ser o gatilho do movimento. Pode ser uma alta generalizada do Ibovespa (difícil, mas plausível); pode ser a Bolsa dizendo que não irá mais aumentar o limite de vendas a descoberto (por estatuto, não pode ultrapassar 50% do free float); pode ser que a taxa paga pelas ações alugadas (ou seja, o custo do aluguel) dispare por falta de ações disponíveis… Enfim, algo pode acontecer. Mas também pode não acontecer, e neste caso o papel fica estacionado lá no 5º subsolo, onde está agora.
De qualquer maneira, o case da OGX é um clássico do que pode acontecer quando projetos de financiamento perdem a confiança dos investidores. Vale a pena estudar, e muito, o que aconteceu aqui.
Por fim, seja consciente: se for apostar no short squeeze, use STOP LOSS !!! Na verdade, use-o sempre!!!