O mercado está em polvorosa com uma possível recessão no mundo e isso impacta o Brasil de maneira única. Aliás, impacta praticamente todos emergentes de forma mais dura.

Ao menos, inicialmente.

É de onde se tira o dinheiro para o “fly to quality”, a busca por segurança, antes de todos os outros. O dólar é historicamente esse porto seguro. No nosso caso, sim. Mas há ponderações e exceções, que mostro mais à frente.

O contexto que trouxe o mercado hoje para baixo foi um resultado da geração de empregos nos EUA mais baixo do que as previsões de especialistas. O Payroll norte-americano trouxe a geração de 114 mil novos empregos no mês de julho. O mercado esperava 175 mil.

Duas questões precisam de resposta: de onde saíram os 175 mil dos especialistas? A margem de diferença é muito grande.

E se os 114 mil decepcionam, geram certa apreensão, não podem justificar uma “recessão” artificial pela diferença das estimativas das previsões – baseadas em quais estatísticas, aliás? – e o número real divulgado pelas autoridades dos EUA.

Outro ponto é que se o atual contexto trouxe o mercado para baixo, quais mercados e por quanto tempo cada um ficará sob a instabilidade global?

No começo do dia, o nervosismo é de todos. No final do dia, é a sua calmaria, são as suas bases econômicas que vão definir onde você estará. No mundo, na vida e no mercado financeiro não é todo mundo igual. Cada bolsa, ação ou cada moeda começam com zero de ganho ou perda antes do primeiro minuto da abertura.

No fim do dia, as diferenças aparecem. Ou seja, o mercado externo pode até ser turbulento, mas não é igual para todo mundo o tempo todo. É justo que seja assim. Individualidades, competências e decisões internas moldam o resultado.

Daí, a pergunta do título: que crise é essa para o Brasil?

Em um parágrafo, a resposta que publiquei no @X, mais cedo, depois de ler e reproduzir um trecho do portal Investing.com que fez a observação certeira, a de que os emergentes sofrem mais nestes momentos:

“Ao que nos interessa neste estranho temor de “recessão” global. Apesar de emergente, seria no máximo um solavanco se não estivéssemos gerando problemas domésticos também: estouro fiscal, palavrório inconsequente de Lula, insegurança jurídica e ausência de crescimento sustentável.”

O ponto é esse. Como eternos emergentes, vamos sofrer mais que os outros. E se um emergente liderado por um governo inconsequente, como o atual, ainda mais. O Brasil precisa olhar muito pra dentro em momentos de instabilidade externa na hora de analisar o dano.

Já estamos acumulando saídas de dólares do mercado de capitais há tempos. E vendo valores muito menores do que poderiam ser no Investimento Externo Direto. Não é por causa da divergência do Payroll nos Estados Unidos, convenhamos

Dados da nossa realidade captada por este repórter documentarista um pouco antes das 11h, na manhã desta segunda turbulenta, os sinais que chamo atenção. Enquanto o dólar dava uma surra no Real, a moeda americana tomava uma surra do Yen.

Veja na imagem abaixo:

Vê-se que no mesmo momento, o dólar se desvalorizava frente à moeda japonesa em 2,70%, o Euro subia 0,67% frente ao dólar e o Real perdia de todos.

Então, nem todo mundo é igual no câmbio. Por que será?

As Bolsas ficaram mais nervosas. Ativos de empresas sofrem mais quando se fala em recessão. As pessoas preferem moeda na mão. Sem gasto previsto dois consumidores, sem mercado crescendo, as empresas perdem e o lucro de acionistas diminui.

Não foi diferente aqui, no Ibovespa, nem em outros lugares do planeta.

Mas, de novo, no fim do dia, ou quando a crise de volatilidade de um movimento recessivo que ainda carece de boas explicações arrefecer, onde estaremos e onde estarão os outros?

A resposta vem de quem somos e quem são os outros.

Nós não somos, mas estamos em um governo que abusa do fiscal, explode o orçamento, não cria condições de crescimento sustentável e gera enorme insegurança jurídica, a causa número um de fuga de investidores. Esse é um fato incontroverso que joga contra nós em cada e espirro do mercado internacional.

Para aliviar, um alento resiliente: somos como nação um dos poucos países do mundo, às vezes o único, onde se pode crescer 2 dígitos no ano.

Mas eu disse país, não governo.