Passado o dia de terrorismo no mercado devido ao anúncio do Fed, os investidores começam a observar uma série de indicadores econômicos globais e alguns pensam: “não é que o Fed pode ter razão?!?”

Começamos o dia com o indicador IFO na Alemanha superando as expectativas, a Coca-Cola disparando seus dividendos em 10%, HP com ganhos e perspectivas acima do projetado, Detroit contratando como poucas vezes se viu e atenções voltadas às eleições italianas.

Como disse anteriormente, o cenário atual é de recuperação em andamento com uma série enorme de externalidades muito próximas de atrapalhar tudo. Todavia, ainda é de recuperação.

Por aqui, algumas mudanças alteram as perspectivas de investimento, porém a Bovespa deve continuar a receber os fortes golpes da falta de atratividade global do Brasil.

O Banco Central modificou de maneira importante algumas taxas de redesconto, onde operações de 1 dia eram cobradas Selic + 6% ao ano e caíram para Selic + 1% ao ano. Operações de 15 dias úteis passaram a ter Selic + 2% ao ano.

A multa pelo não recolhimento do compulsório era Selic + 14% ao ano e passou para Selic + 4% ao ano. Isso tudo é um bom sinal, quando observamos a situação dos bancos médios, extremamente cautelosos e temerosos em seus empréstimos e de uma adequação à realidade de juros baixos.

Para alguns, é também sinal de que este setor pode estar ainda pior do que se imagina e a onda de quebradeira de bancos médios pode se intensificar.

O que vai definir se isso vai ocorrer ou não será o crescimento econômico no Brasil neste ano, com a consequente tendência de melhora no consumo. Se repetirmos 2012, não ficaremos somente em BVA, Morada, Cruzeiro entre outros.

E a Bovespa? Esses últimos dias lançamos uma série de relatórios onde mostramos que o mercado de bolsa local não só está sem atração aos estrangeiros, mas como aos brasileiros também. Isso por que dependemos deste tal crescimento econômico acelerado para que as empresas do índice, preferencialmente as que não têm o dedo do governo, consigam desempenhar este ano.

Consumo é uma das principais apostas para quem se arrisca em bolsa, dentro das premissas de melhora do crescimento econômico e neste sentido, bancos também poderiam se beneficiar deste cenário.

Porém, a ameaça de um possível retorno das elevações de juros tira alento mais uma vez da abatida e desgastada bolsa.

O temor da Fazenda é de que o BC continue a usar o câmbio para controlar os preços, porém subir os juros como quer o ministro simplesmente não controlará a atual inflação, pois ela se concentra em setores bastante insensíveis ao aperto monetário: serviços e alimentos.

E termos os juros novamente competindo com o mercado de risco pode sepultar sua atração, como adiar a entrada de novos participantes, muito necessários para elevar a liquidez deste mercado.

Porém, uma alta de juros ainda este ano também não seria suficiente para recolocar a renda fixa como a maravilha dos investimentos do passado. Com a menor base (7,25% aa), uma alta de 0,5% se torna muito mais contundente do que no passado. Ou seja, 7,75% ao ano não muda também muita coisa.

A grande dúvida de onde correr nestes momentos estranhos no Brasil surge devido ao fim da referência de uma poupança que rendia absurdos, sem burocracia e sem impostos. A falta de informação e de educação financeira deixa a todos perdidos, porém existem opções, só demandam um pouco mais de esforço e dedicação.

Mais do que nunca, o mix de renda fixa e variável é valido para quem quer ver o dinheiro crescer.