Há um claro desespero entre membros do governo, como não se via há muitos anos. As escolhas recentes em termos de programas econômicos têm colocado os técnicos contra a parede e a encruzilhada em que se meteram traz muitas opções de caminho, mas todos tortuosos.
O atual cenário é de inflação crescente, que se mantém em alta e por isso, evita que o governo intervenha pesadamente na ponta comprada no câmbio. Por outro lado, o crescimento econômico continua fraco, o que demanda liquidez. Traduzindo, juros baixos.
Inflação em alta, uma forte demanda da presidente pela entrega de crescimento, juros historicamente baixos e renúncias fiscais pontuadas.
O governo se choca ao mesmo tempo com o erro de se manter uma série de indexações nos contratos (aluguéis, salários, etc) que forçam anualmente a inflação e com o aumento consecutivo de preços administrados.
Existe também a questão cambial, a qual foi responsável por parte da elevação de preços nos meses recentes quando o dólar rompeu os R$ 2,00 e quando estava abaixo disso, colecionava reclamações constantes do setor exportador pela redução dos ganhos, mesmo com a disparada mundial de preços de commodities.
A Petrobrás não conseguirá sobreviver como empresa se não promover no mínimo mais dois aumentos de combustíveis este ano, o que se traduzirá diretamente em alguns custos de logística e transporte.
Os ônibus terão suas passagens aumentadas em ao menos 10% independente do cenário acima, tudo isso num contexto de atividade econômica estagnada.
O número de variáveis por qual o governo deve lidar agora está longe de ser fácil. Ao não mais dispor do instrumento de política monetária por ordem da presidente, que usa os juros baixos como sua principal bandeira, sobraram as renúncias e desonerações fiscais (já em prática em energia e IPI de veículos e linha branca) e agora, o câmbio.
A elevação dos juros só será efetivamente utilizada em último caso, ou seja, se a inflação cobrar medidas mais forte do que o crescimento econômico.
Outro ponto em voga é a perda de dois anos consecutivos em termos de atividade econômica. 2012 já era e 2013 não tem perspectivas animadoras no panorama citado aqui, deste modo, o governo deverá ser criativo para 2014.
O ano da copa do mundo será também de eleições majoritárias e Dilma Rousseff corre contra o tempo para evitar um fiasco que poderia lhe custar a recondução ao cargo, seja pela oposição ou mesmo, por seus aliados.
Uma das soluções nem de longe é fácil, mas seria de grande valia: a reforma tributária.
Com a racionalização e desburocratização dos impostos, a tendência é haver uma queda na matriz de custos brasileira. A reforma seria acompanhada de medidas para retirar a indexação anual de contratos e buscar uma alternativa ao cenário corrente.
Estes dois pontos não resolveriam a questão, mas abririam maior espaço para o empreendedorismo, para a entrada de investimentos internacionais e para a atividade econômica em si.
Neste contexto todo, repito: um governo de “esquerda” nunca torceu tanto para que os EUA cresçam como este torce.
1 Comment
Edson Mineiro
11 anos agoOntem o senhor presidente do BC disse estar desconfortável com inflação. Mas, há algumas poucas semanas atrás este mesmo BC não escreveu em ATA de COPOM que inflação convergiria à meta. Aliás, eles dizem isto há 2 anos. Haja longo prazo!!!!
Na verdade, até agora, tudo correu por conta do “destino” e não por ação ou ciência do COPOM, não há ciência por lá, por mais que desejem demonstrar tal coisa. Há o “acaso” tão somente. Ou é muito erro junto. Será?
Sobe-se o USD, assuta-se com o USD, mudam-se as regras, vende-se USD, assuta-se com o USD pra baixo, baixa-se o juro, maqueia-se as contas públicas, inventa-se novas manobras para justificar/oficializar outras maquiagens, toma-se $$ da PETR, joga-se o mercado de etanol no limbo, BNDES distribui $$ para todo mundo que é do “interesse nacional” (porque o $$$$$$$ não chega à micro e pequena empresa que é muito mais capaz de gerar renda e emprego???)??
Há 2 anos atrás, discutindo o cenário inflacionário para 2011 e tb para 2012, um comandante de uma mega-empresa do setor alimentício me disse que havia mandado “revisar e lubrificar” suas maquininhas de preços assim como atualizar as “planilhas de reajuste” esquecidas há alguns anos no almoxarifado e em algum drive. Isto foi há 2 anos. Segunda-feira, de dentro de um supermercado, liguei para ele para reclamar do preço de seus produtos na gôndola. Resposta?? Hhahahah….
Reforma tributária?? Seria perfeito, ainda mais se acompanhada de um regime drástico na ADM Publica (tamanho da máquina), e, ao menos, o inicio do Fundo de Prev. Complem. do SErv Publico, pois a reforma da Previdencia nunca vai sair e com este fundo já se alcançaria, no longo prazo, o efeito de uma reforma). Mas, para ganhar alguns meses de enrolação, o governo poderia enviar algum novo projeto de reforma tributária para o congresso. Enfim, o governo poderia “plagiar” FHC, pois, a cada crise enfrentada ele tirava uma cópia da reforma de sua gaveta, chamava a imprensa e envia o projeto ao congresso. No curto prazo aliviava…
Enfim, parece que estamos vislumbrando um bom cenário: inflação subindo e,pior, com um BC sem nenhuma credibilidade, somada a atividade economica fraca, inadimplencia em alta, alvancagem das familias tb alta, e^……o USD(daqui a pouco o mercado cansa de brincar com o BC), só falta nesta lista a migração de ativo financeiro para ativo real(imovel, boi, terra).
Pois é, o BAILE…..
O BAILE está chegando ao fim, a banda já não consegue disfarçar o quanto é ruim e desafinada. Cuidado com a cisão do fim do baile!!!
Comments are closed.